domingo, 9 de novembro de 2008

Manifestação de Professores, 8 de Novembro de 2008


No dia 8 de Novembro, em Lisboa, tive mais um momento mais. Há várias razões para que esse momento (que começou pouco depois das seis da manhã do dia 8 e terminou depois das três do dia 9):

Primeira – É impressionante ver mais de 120 mil pessoas, envergando bandeiras de várias cores, juntas, lutando pelo direito de poderem trabalhar com paz. Por mais míopes que estejam os governantes em questão, não se podem ficar pela ideia bacoca de que os professores estão a ser manipulados, pelos sindicatos. Penso até, que desta vez, fomos nós que manipulámos os sindicatos. Foi a pressão generalizada dos professores que forçaram os sindicatos a definirem posições mais representativas dos interesses da classe, sob pena de ficaram para trás, face aos movimentos espontâneos que vão ganhando cada vez mais força.

Segunda – Não vivi as manifestações do 25 de Abril. Eu era bastante jovem e não tinha uma visão completa do que se estava a passar. Mas, ao subir a Avenida da Liberdade acompanhado por milhares gritando palavras de ordem, senti-me regressar ao passado que não vivi, mas que agora compreendo melhor. Mesmo que estivessem 100% dos docentes ali a desfilar, o poder continuaria a dizer que a avaliação está a avançar com normalidade. Mais caricata é a ideia de que os presentes na manifestação estão a tentar pressionar os que estão a trabalhar nas escolas. Mas, no caso dos professores, não há professores sombra e aqueles que ali estivemos somos os mesmos que amanhã vamos estar nas escolas, orgulhosos com a mossa luta e empenhados para que as más políticas não destruam por completo a escola pública e a educação de uma geração cada vez mais dependente da escola.

Terceira – Em termos fotogénicos foi um momento ++. A manifestação começou já bastante tarde, quando o Castelo de S. Jorge se pintou de dourado e não sei quando terminou porque me foi impossível esperar pelo seu término. Infelizmente levei comigo pouco material fotográfico e fiquei “desarmado” quase no início da manifestação. Estava ali para protestar essa foi a minha principal preocupação.

Quarta - Mesmo com muito desgaste físico e algum desgaste económico, o ambiente no grupo em que me integrei foi sempre fantástico. No autocarro que me levou e trouxe de Lisboa, seguiam docentes de Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alfândega da Fé, Mirandela e Torre de Dona Chama. O Agrupamento de Escolas a que pertenço primou pela ausência, estávamos poucos, mas bons (como se costuma dizer). De Mirandela partiram mais alguns autocarros. O número de autocarros alugados era um dado importante para todos nós. Desejávamos com todas as forças que o número de manifestantes ultrapassasse o verificado em 8 de Março (100 mil).

O espírito de união que existe na classe dá-me a certeza de que a luta não vai ficar por aqui. É impossível calar tantas vozes e por isso só aceito um final: a mudança de postura do ME e do PM para com os professores e para com a escola pública.
Independentemente do desfecho final, este dia 8 de Novembro de 2008 foi um grande momento MAIS.

2 olhares atentos:

Anónimo disse...

Força... O momento é de luta

PEREYRA disse...

Não estive lá desta vez mas concordo contigo que foi a pressão dos professores a forçar os sindicatos a endurecer a oposição a uma ministra que tem humilhado a nossa classe profissional.