sábado, 9 de julho de 2011

30-07-2010 Lourdes - Lac Sainte Croix

No dia 30 de Julho fizemos a segunda etapa da nossa viagem: à volta de 750 quilómetros entre Lourdes (nos Pirinéus) ao Lac Sainte Croix (nos Alpes). A distância não me assustava embora não seja muito normal passar tantas horas ao volante. A ideia era utilizar ao máximo a autoestrada, pagando, é claro, mas fazendo o trajecto mais rapidamente possível.
Depois de desmontada a tenda e encaixada toda a bagagem no carro (nunca é fácil), partimos cheios de entusiasmo. À passagem por Toulouse duvidámos se devíamos seguir em frente, ou fazer um desvio até Albi, onde moram alguns familiares. Decidimos seguir em direcção a Marselha (com a sensação que a tarde ou nunca surgirá outra oportunidade semelhante de visitar a família em Albi).
À medida que nos aproximámos da costa mediterrânica o tráfego foi aumentando de tal forma que começámos a fazer paragens frequentes. Não paragens para descansar, mas paragens em filas com muitos quilómetros em plena autoestrada. Nunca pensei que fosse possível  haver tanta gente a "correr" para o sul, mas seguimos a passo de caracol. Percebi porque é que os imigrantes franceses estão sempre a falar no bouchon. A conjugação do início de Agosto com o fim de semana causou o caos em muitas estradas.
A paragem para o almoço foi rápida e sem história. Assustava-me o resto da viagem e não queria desperdiçar o tempo. Tinha todo o interesse em chegar ao destino antes de anoitecer, até porque o sol é um grande auxiliar na minha orientação.
Só fiquei em paz depois de Aix-en-Provence, quando nos começámos a afastar da costa. O trânsito diminuiu e os nomes das localidades começaram a soar-me familiares.
A paisagem, o reencontro com o rio Verdon passados mais de 20 anos aceleraram-me a respiração e redobraram-me o entusiasmo. Mesmo antes de Manosque abandonei a autoestrada e eventurei-me por vias mais pequenas, tão estreitas que parecem caminhos. Estávamos na Provence e não foi para conduzir em autoestradas ou para visitar cidades que tínhamos viajado mais de 1000 km. Queria mostrar aos meus a razão de virmos tão longe, embora sem saber bem como a iriam receber. É que nem tudo é fácil de explicar. A região agreste, as pequenas aldeias e os campos de lavanda ficaram marcados na minha memória e, mais que a beleza (que também a têm), são razões afectivas que me ligam à região.
Comecei a reconhecer os locais, muito pouco mudados em relação ao que recordava. Passámos na pequena aldeia de Valensole, Riez, Puimoissom, Moustier-Ste-Marie e de depois... o lago. Era este o nossa destino: Lac Sainte Croix ou Lago da Santa Cruz. Ao cair da tarde estávamos a procurar um parque de campismo. Em redor do lago há seguramente mais de uma centena de parques. Alguns públicos, outros privados, grandes, pequenos, com infra-estruturas ou praticamente selvagens. Tinha seleccionado pela Net dois ou três pela sua proximidade ao lago. Foi a um desses que fomos parar. Tratava-se de um parque municipal da pequena localidade de Les Salles sur Verdon com o nome de Ruisses. Estava muito perto do lago e era de fácil acesso.
Havia alguns espaços vazios, mas nos dias que se seguiram ficou rapidamente esgotado. Ao contrário do que acontece em muitos parques nacionais, quando está esgotado coloca uma placa à entrada a avisar que não há lugar mantendo assim alguma privacidade para os utentes que já lá estão. Os espaços destinados a cada tenda ou caravana estão marcados no chão e têm que ser respeitados. Gostei da ordem.
Depois da tenda montada, quase ao por do sol, ainda houve tempo para um passeio nas margens do lago. Estamos a falar dos Alpes onde a água é sempre gelada e as noites frescas. Ao cair da noite só os mais nostálgicos ficam a olhar o horizonte. Já valeu a pena ...

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